Ninguém sabe que pela noite
Sou gata de telhado e de lua.
Que passei eternidades
Lambendo as minhas feridas,
Marcando territórios,
Os machos que abriguei são extintos
Os filhos que pari desapareceram.
Meus olhos já viram demais
Meu corpo é descomunal
Mas a minha mãe ainda chora acalantos
Reza por mim
E me dá as suas saias.
Não sabe que pelas noites
Tento sugar sua ferida
Tecendo um manto novo
Com meu próprio sangue.
Não sabe que a medida do meu corpo
Cobre a sua sombra
E que as minhas sete vidas
Estão mortas.
*Jennie Carrasco é poetisa equatoriana
jenniec55@gmail.com
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terça-feira, 21 de junho de 2011
sexta-feira, 17 de junho de 2011
TRIBUTO A IRACEMA RODRIGUES
TRIBUTO A
IRACEMA RODRIGUES
Querida tia Iaiá (é assim que a conhecemos !)
Seu sangue corre em minhas veias e seu exemplo está gravado em meu coração!
Quando ainda era pequenina, seu nome era ecoado pelos cantos da minha casa. Não a conheci, mas sempre a admirei, porque minha avó pronunciava o seu nome tão docemente, mas ao mesmo tempo com um tom de tanta responsabilidade que eu não conseguia entender. Só entendi a dimensão de tudo isso muito tempo depois...
Sempre senti esse desejo de expressar tudo o que sinto e o orgulho que tenho em ser sua sobrinha-neta.
Iracema Rodrigues foi uma mulher notável e corajosa, de uma personalidade forte, mas extremamente amorosa, muito à frente de seu tempo e sua vida foi paltada e dedicada à educação das crianças e jovens.
Foi uma revolucionária da inclusão: em uma época em que estudar na capital mineira era um desafio (estrada de terra... o dia todo viajando em um ônibus desconfortável ), ela foi até Ibirité, na Fazenda do Rosário, para aprender com a psicóloga russa, Helena Antipoff, como trabalhar de uma maneira diversificada as habilidades dos alunos e assim contribuir para a aprendizagem de uma forma natural e criativa, valorizando seus dons e talentos.
E trouxe para a nossa região atividades escolares que uniam comunidade e escola: a horta na escola, a biblioteca, a contabilidade entre as crianças, as aulas de educação física ligada aos jogos e muitos outros registros que tive a oportunidade de ver pelas fotos que meus tios guardam com tanto carinho.
Graduou-se no Curso Normal (hoje, Magistério) no Colégio Imaculada Conceição e posteriormente tornou-se uma supervisora preocupada com os rumos da educação.
Aposentou-se como diretora da Escola Estadual Dom Pedro I (lá também era chamada carinhosamente de Dona Iaiá!).
Além de tudo isso também dedicou-se à música (era pianista e compositora).
Quando entro na Escola Estadual Iracema Rodrigues, todas as manhãs, olho para o quadro com a sua foto e fico pensando em como ela ficaria feliz e orgulhosa ao ver que o espaço – construído pelos irmãos Lassalistas (desbravadores da educação e baluartes da formação integral dos jovens machadenses) – está dividido com a sua história de amor e dedicação ao povo machadense, ambos com o mesmo objetivo de formar, educar e preparar os jovens para a cidadania e formação profissional, contribuindo para um mundo melhor.
Continuo seguindo os seus passos, os de minha avó e os de meu pai. Embora em áreas diferentes, lutamos pelo mesmo ideal, com o mesmo amor que tiveram e têm todos os educadores.
Vislumbramos melhoria, dignidade e valorização para a nossa profissão, respeito ao nosso trabalho que é todo de dedicação, perseverança e formação dos futuros cidadãos.
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